Soltando o verbo!
Fernando Faisca: Fale-nos um pouco de sua história com o skate.
Diego Cabeça: Comecei a andar de skate com uns 13 anos de idade. Sempre passava pela pracinha do Angeloni e via uma rapaziada andando. Um dia resolvi aparecer por lá e levei um tradicional chazão.
Depois de algum tempo o skate na pracinha começou a ser proibido. Alguns pararam de andar e outros continuaram.
Sempre foi muito difícil andar de skate, pois todos éramos novos, muitas roubadas nos campeonatos, nas viagens e nas sessões pela cidade. Foi um período de aprendizagem e talvez o melhor período de minha vida, por isso o amor ao skate segue até hoje. Não tenho muito tempo para andar, mas sempre que possível, pego o carrinho e faço um rolé com alguns parcerios.
Fernando Faisca: Como surgiu a idéia da construção do Gold Skate Park?
Diego Cabeça: Desde o fechamento da Rastafari Skate Park, poucos atletas continuaram a andar. Rolava longas conversas com a intenção de ter um local para sediar alguns campeonatos em Tubarão/SC, pois não tínhamos espaço e local para campeonatos de street, além de sempre ter bons atletas e que precisavam de uma oportunidade.
Sempre tive a vontade de poder trabalhar com o esporte que eu amo. Então tive o apoio de um amigo que estava a fim de apoiar o esporte e ficou interessado em investir em um Skate Park. Nesse momento meu sonho começou a virar realidade, com a ajuda do Willian Gomes, durante dois meses criamos um projeto para a construção da Pista.
Fernando Faisca: Quais os motivos que levaram ao fechamento do Gold Skate Park? O que faltou?
Diego Cabeça: Essa é uma pergunta difícil e que possui muitas respostas.
Hoje depois de fechada, reconhecemos inúmeros erros e falar de cada um é complicado, mas vou tentar explicar em nome do Gold.
Uma pista de madeira, com banheiros, lanchonete skateshop, sinuca e outros atrativos por R$ 30,00 mensais, ou R$ 3,00 por hora. Muitos não queriam pagar essa quantia, mesmo sabendo que não tinham outro lugar para andar e que era um sonho de muitos atletas que pararam de andar por falta de espaço, além desta quantia não deixar nenhum empreendedor rico, mas manteria a pista aberta.
Conseguimos realizar 3 campeonatos, tivemos muitos elogios com as realizações e teríamos tudo para em 2007 expandir nosso empreendimento.
Nossa idéia era um galpão maior, com uma enorme estrutura. Houve erros, mas tínhamos planos bons para os skatistas de Tubarão.
Tenho reclamações de atletas que não queriam pagar para andar e ainda queriam quebrar os obstáculos. Imagine em um campo de futebol particular onde um certo atleta resolve quebrar uma trave, quem arcaria com as despesas? Os demais jogadores não iriam querer bancar os custos e iriam criticar quem quebrou.
Na Gold era fácil perceber como tem atletas influenciados e sem identidade própria. Atleta tem que possuir opinião própria, ser profissional além de tudo, mas muitos skatistas provaram o contrário, trazendo uma visão errada para o skate.
Da mesma forma que um lugar onde tem crianças, pais de família, um ambiente de lazer, não se pode aceitar que alguns indivíduos usem para usar drogas próximo do Skate Park, trazendo péssimas referências para o esporte e para o local.
Tentamos fazer o possível, tínhamos boas intenções e vou ouvir daqui um tempo atletas dizendo que ficaram com saudades da Gold. Ainda vivo algumas conseqüências do fechamento da Gold, mas nunca vou deixar de lutar pelo esporte que tanto amo e ainda pretendo futuramente realizar mais projetos pelo skate.
Fernando Faisca: Deixe um recado para o pessoal que representa o skate de nossa região:
Diego Cabeça: Espero que o skate em Tubarão e em nossa região cresça cada dia mais, que em breve toda essa rapaziada que esta andando bem possam um dia, ter o apoio necessário para se profissionalizar, aparecer em vídeos e revistas. Dizer também que eu, em nome da Gold, estou a disposição para qualquer realização que faça o skate crescer, sempre estando de portas abertas para o esporte.
Tenho que agradecer a todos que nos ajudaram, Fabrício, Willian, Eduardo, Adriano, Philipe Gordo, Walace Lala, Teta, Cavera, Evandro, Deivis ZOlho, Raniere e Gustavo Viana por nos apoiarem, além dos que ajudaram diretamente e indiretamente.
Agradecer também, ao Faísca, que vem dando uma força enorme para divulgar o skate de Tubarão e que faz parte da historio do esporte em nossa cidade. Um abraço para a galera de Criciúma, Cocal do Sul, Capivari de Baixo, Araranguá, Florianópolis, Tubarão e todos que contribuíram para o Gold Skate Park.
Por: Fernando Faisca