Blog Skate em Foco - Santa Catarina em Luto!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Você conhece o A.C. Picon?


Um tempo atrás, o nosso parceiro no blog, o talentoso Fernando Arata, apostou na proposta de apresentar o trabalho dos novos talentos da fotografia de skate nacional.

Depois de muitos contatos, unindo trabalho e perseverança, Arata vem colhendo os primeiros frutos, um deles é o artigo que segue abaixo enviado pelo Fotógrafo A. C. Picon, publicado no blog do Fernando Arata e disponibilizado para os internautas do SkateemFoco.

"Dando seqüência na divulgação dos novos talentos da fotografia de skate, veremos a estória de A.C.Picon. Já conhecido no meio da bike BMX, há pouco tempo começou a se dedicar a fotografia de skate. Há muitos anos fotografando BMX, com certeza trará toda a bagagem adquirida para registrar nosso esporte. Mais uma vez um fotógrafo acredita em meu trabalho e gentilmente redigi um texto nos contando a sua trajetória, e eu agradeço a você pela confiança". (Fernando Arata)

Olá internautas, meu nome é André Christofolini Picon, fotógrafo "A.C.Picon".

Glenda Koslowski e A.C. Picon - Foto: Juca "Favela"

Vou tentar abreviar aqui o meu caminho na fotografia de skate, coisa que comecei a fazer há três meses, mesmo tempo que tenho a minha primeira máquina digital. Calma, vocês vão entender melhor.

Tenho 28 anos, comecei a fotografar BMX em 1994. Tudo começou quando eu assistia TV em casa e lá vi a primeira imagem sobre bike BMX, que era de um cara fazendo manobras de freestyle. Ele era um gringo, daí a coisa entrou na minha vida como que instantaneamente, depois desse dia eu passei a respirar BMX.

Revista Bike Action - Foto: A.C. Picon

Biker - Foto: A.C. Picon

Procurei me informar sobre o esporte em uma "bicicletaria", por sinal, do Mazzaron, campeão várias vezes de MTB Brasileiro (Moutain Bike), que ficava perto de casa. Perguntei para o rapaz que trabalhava lá como mecânico se havia algum lugar ou escolinha que ensinasse a fazer manobras com bike aro 20", ele riu e disse: "Não, isso não tem, você tem que aprender na raça". Então ele me passou um endereço de uma pessoa que conhecia e que morava no mesmo condomínio que ele, disse-me para procurar esse cara e falar que eu queria começar a andar de bike BMX.

Esse cara que ele me indicou era o Juca Favela, um biker dos mais respeitados na cena BMX. Hoje o Juca mora na Califórnia.

Procurei o Favela, isso era por volta de 1993/94. Eu tinha 15 anos de idade e uma bike Caloi bem "boketa", acho que era extra light, "mili duke" a bike. Quando o Juca Favela viu a minha bike ele já começou a fazer mudanças nela, com peças que estavam sobrando na casa dele, pra deixar a magrela mais BMX Style.

Reginaldo Pedro - Foto: A.C. Picon

Reginaldo Pedro - Foto: A.C. Picon

New Port Center, Califórnia - Foto: A.C. Picon

Então comecei a ir com ele em todo lugar que ele ia andar, se apresentar, fazer matérias para revistas, campeonatos, shows onde aconteciam apresentações de bike, pistas espalhadas pelas cidades, inclusive cidades distantes, do interior. Andamos muitos anos juntos, colados, e em todo lugar que íamos eu levava a máquina de fotografias da minha mãe e registrava ele e outros atletas, pois eu ficava fascinado com tudo aquilo que eles faziam. E sempre depois que eu revelava os filmes, o pessoal que via elogiava muito minhas fotos. Bem, daí fui conhecendo o pessoal todo da cena BMX, e entre outros contatos, pra todo lugar que eu ia eu levava a máquina, (máquina essa que era da minha mãe, tinha apenas o botão disparador e um flash embutido), muito simples.

Depois de muito aprender sobre BMX e também a andar razoavelmente bem com os ensinamentos do Juca, eu acabei indo viajar, com amigos da minha rua, para os Estados Unidos, Califórnia. Era 1998 e por lá fiquei um ano, morando e trabalhando. Por lá comprei minha primeira máquina (analógica) amadora, mas já bem melhor que a máquina da minha mãe, com a qual fiz muitas imagens desde que comecei a fotografar.

E então eu só sabia colocar no automático e apertar o botão, mas claro que no simples apertar do botão, por trás eu já tinha uma visão de enquadramento, ângulo, "moment" da manobra e entendimento sobre o assunto que eu fotografava. Isso é essencial para uma boa comunicação com o público que entende do assunto fotografado e até para quem não entende nada, pois mostrar uma coisa em imagem em sua exata forma real e bem captada é a alma da fotografia de Esportes Radicais.

Califórnia - Foto: A.C. Picon

Evandro "Índio" - Foto: A.C. Picon

Evento - Foto: A.C. Picon

Na Califórnia eu fiz a maioria das imagens que estão em:

http://www.flickr.com/photos/acpicon/


São fotos de um evento, o Panasonic Shock Wave, e outro da Vans. Todas as imagens fiz sem conhecer os recursos oferecidos pela minha mais nova máquina fotográfica (analógica – filme).

Voltando ao Brasil, no início de 1999, fui fazer um curso de fotografia (básico e avançado) em uma escola de artes, a ABRA (Academia Brasileira de Artes), onde fiz os dois completos e depois ainda consegui emprego lá mesmo, como assistente dos professores do Curso. Minha professora, excelente Beth Barone, me passou muitos conhecimentos técnicos que aprimorei para chegar a aplicá-los a fotografia EXTREME.

Depois de um ano na ABRA e ainda andando de bike BMX com o Juca, fui fazendo mais e mais imagens, e o pessoal gostando cada vez mais. As imagens não me davam dinheiro, mas me davam muito reconhecimento no meio BMX. Aqui no Brasil paga-se muito mal os poucos fotógrafos especializados no skate e na bike BMX. Na bike não conheço mais do que seis fotógrafos de BMX, e eles também não sobrevivem com fotos de bike, todos fazem outras coisas pra ganhar a vida, que é meu caso também. No skate creio que não seja diferente.

Evento Vans - Foto: A.C. Picon

Evento Vans - Foto: A.C. Picon

Fotógrafo A.C. Picon - Foto: Fernando Arata

Os empresários tinham que abrir o olho e ver que tem um seleto grupo de fotógrafos de skate e de BMX que são feras e têm equipamento adequado, e deveriam pagar muito bem por isso, pois estes poucos fotógrafos (especializados) em Extreme Esportes além de terem amor pelo esporte, também têm amor pela fotografia, que é uma arte. E as fotos deles têm nível internacional. Quem vê revista "gringa" sabe do que eu estou falando, digo, o estilo das imagens.

E isso lá fora gera muita visibilidade e renome para a marca que anuncia com fotos de caras especializados em captá-las, e esses fotógrafos ganham bem.

Mas Brasil sabe como é, né?

Bem, depois de uns 3 aninhos com minha máquina amadora, comprei uma TOP da Canon, a primeira também era Canon, e essa nova também era analógica.

Com essa fiz muitas imagens já com um bom conhecimento do equipamento, mas ainda sim muitas dúvidas, pois você tinha que testar coisas e funções e depois esperar a revelação para ver o resultado e depois corrigir um erro. Era uma agonia só, uma expectativa para acabar o rolo de filme para poder ver o resultado e poder fazer melhor no próximo rolo.

Gastei muitos filmes, mas, Graças a Deus, a maioria saiu como eu queria. Com essa nova máquina eu usava também um flash manual METZ, esse é pró, uso ele até hoje.

Bob Burnquist, 2000 - Foto: A.C. Picon

Lécio - Foto: A.C. Picon

Raul - Foto: A.C. Picon

Esse tipo de flash não trabalha TTL com a máquina (TTL quer dizer Thrue The Lens, ou seja, o flash e a máquina comunicam-se e entendem-se para uma carga exata na hora do disparo), isso só se conseguiria com um flash da mesma marca da minha máquina, coisa que até hoje não tenho, aprendi do jeito mais difícil e isso foi ótimo pra mim.

Risos... não sou bom em resumir estórias.

Vamos lá, então, depois de anos também com essa máquina, que faz até 10 fotos por segundo, vim a comprar minha primeira máquina digital há pouco mais de três meses, é, só agora eu peguei uma digital. Ahhh, agora segura, né!

É aqui que entra a fotografia de skate, pois agora, sem o custo do filme e da revelação, que era a causa de eu não fotografar outras modalidades de esportes de rodas, isso acabou. Agora é só clicar e passar para o computador, então me iniciei na foto de skate e in-line.

http://www.flickr.com/photos/extremephoto/


Ahh, sim, o Juca Favela já está fora do país há uns cinco anos, mas por causa dele foi que eu fiz muitos amigos e muitos contatos no meio da bike BMX e até do skate.

Maurício Moreira - Foto: A.C. Picon

Sandro Dias - Foto: A.C. Picon

Maurício Moreira - Foto: A.C. Picon

Eu tenho um sonho, uma meta, que é sobreviver de trabalhos relacionados à fotografia de BMX, SKATE e IN-LINE, pois esse mundo das rodinhas, Esportes Radicais, me fascina, em especial BMX, risos! Até hoje tenho feito por paixão, pois dinheiro obtive pouco. As coisas melhoraram, mas muito pouco em relação a ganhar dinheiro com essas imagens de radicais, porém, tenho fé de que um dia (espero que logo) a coisa melhore, que as mídias impressas dos segmentos em questão valorizem seu profissional de fotografia. Vamos ver agora nesse ano de 2008, em abril, com a edição dos X-GAMES BRASIL, espero que o Brasil acorde e o setor cresça e nos valorize, profissionais especializados em esportes radicais.

Já fotografei X-Games e já trabalhei para uma revista de Bike brasileira, só que é aquela coisa, não valorizam nosso trabalho especializado, e esse tipo de fotografia não é qualquer um que faz. Equipamento certo com objetiva certa também é um diferencial que poucos conhecem e sabem operar.

Possuo milhares de imagens que não dá pra colocar na net, por serem muitas, pois em mais de 10 anos de fotografia renderam-me muitas imagens, amigos, contatos, e experiência no assunto. E alguns invejosos.

Pra finalizar, eu também possuo muitas fotos de celebridades (TV, música e dos esportes), desfiles de moda e natureza, tudo que gosto muito.

Mas a minha "praia" é mesmo BMX, espero que gostem das minhas recentes e poucas imagens de skate, pois eu nunca tive essa de rivalidade entre bike, skate e roller. Pra mim somos todos amigos e batalhadores, lutando pelo nosso lugar ao Sol.

Fernanda Lima - Foto: A.C. Picon

Evandro "Índio" e Sérgio "Negão" - Foto: A.C. Picon

Renata Falzoni e Calinhos Zod - Foto: A.C. Picon

Latin American X-Games Brasil - Foto: A.C. Picon

Agradeço a Deus e a minha família, a Renata Falzoni e ao Juca Favela, e todos envolvidos com esportes de rodinhas, continuem praticando que estaremos sempre clicando.

Também ao Fernando Arata, pela oportunidade.

Deus é fiel

Maiores informações sobre A. C. Picon:
A.C.Picon – Pró Extreme Pictures.
Tel (11) 7616.5169
a.c.picon@hotmail.com
www.flickr.com/photos/extremephoto/
www.flickr.com/photos/acpicon/

Acesse também: Blog Skatógrafo

Créditos: Fernando Arata

Por: Fernando Faisca