O ciclo da vida!

Texto retirado do blog Skatógrafo, de Fernando Arata.
Como resumir uma amizade de sei lá, vinte anos, não me lembro, e isso não importa. Ou então os 33 anos de vida de uma pessoa que os viveu intensamente. Como descrever a perda desse amigo, aliás, de uma pessoa que eu considero um irmão.
Bem, é difícil, e não é com palavras que conseguirei. Pensei no quanto sentirei saudades dele, e imaginei o porque desse sentimento. Raciocinando cheguei a conclusão que só nos deixa saudades quem nos deixou boas lembranças.
Em comum temos o skate, o motivo pelo qual nos conhecemos, mas essa amizade foi muito além disso, apesar que as melhores lembranças são as relacionadas a ele.
Skatista de alma, bom filho, bom irmão, bom amigo, companheiro, moleque, palhaço. Ficaria aqui descrevendo infinitos adjetivos para uma pessoa que tinha a alegria de viver. O que mais marcou em sua vida eu acredito que deve ter sido o skate. Andava, respirava, vivia em cima dele.

Andava por prazer, para esquecer dos seus problemas e do mundo em que vivemos. Andava para se divertir, para se sentir livre, feliz. E fez isso durante mais de 20 anos, dos seus 33 vividos.
Dois fatos iram marcar essa sua relação com o skate, e eu tomarei a liberdade de descrevê-los. O primeiro foi o de há alguns anos um de seus irmãos ter sofrido um grave acidente de carro, preso às ferragens, atordoado, mas consciente, conseguiu ligar para sua casa e avisar o ocorrido. Foi quando ele e seu pai, desesperados foram até o local, sem saber o que iriam encontrar. Chegando ao local, vendo toda aquela cena, automóvel totalmente destruído e seu irmão ainda preso nas ferragens, foram ver seu estado de saúde. Ainda consciente, a primeira coisa que seu irmão falou foi: "Magoo, vai ao porta-malas e pega seu skate que está lá".

Infelizmente não teve forças para superar seu maior desafio. Durante a vida driblou os obstáculos com seu skate, aliás, usou-os para realizar suas manobras. Mas ele não vai parar por aqui, hoje realiza os mais altos aéreos antes não possíveis em terra, aéreos que iram levá-lo ao seu merecido descanso.
O segundo fato que irá marcar foi quando eu soube da notícia de seu falecimento, fui então a sua casa, para dar meus sentimentos e apoio a família. Sua mãe me recebeu dizendo a seguinte frase: "China, vocês nunca mais irão andar de skate juntos!".
Bem, talvez não aqui, mas sim um dia, quando eu for de encontro a ele.
Fernando Arata
Por: Fernando Faisca






