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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

E o skate, onde fica?

Não é a primeira vez que uma turnê de uma grande marca do skate nacional passa voando por Tubarão. Não, não passou de avião, parapente, ou algo parecido. Passou sem tomar conhecimento da cidade e de muitas outras cidades do estado, como se estas fossem o lugar de um "bando" de caipiras (somos?). Foram de Criciúma (mesmo não sendo citada no cronograma) direto para Florianópolis (uma outra tour já fez o mesmo, só que em caminho contrário e em troca de tainhas assadas).

Com o skate há muito tempo globalizado e de tão fácil acesso à irrestritas informações, me ponho contra a acreditar que algumas coisas se indisponham a mudar. Com o intuito de crescer, as empresas do ramo, acredito, deveriam cada vez mais garimpar lugares desconhecidos e não tão carimbados. É fácil levar uma tour a uma determinada cidade onde existem boas pistas, e conseqüentemente, melhores condições aos profissionais para executar seu trabalho. Porém, trazer importantes nomes do skate nacional a uma cidade que não provenha dessas boas condições e que não possua um público significativo, não seria um investimento muito maior (em longo prazo), tanto para a empresa como para o skate em si?

Como exemplo posso citar a cidade de Tubarão quando por aqui passou a Drop Dead Tour, no ano de 2000, em um momento que havia poucos skatistas na cidade, picos inexistentes e um comércio iniciando sua ignição neste mundo do carrinho. A empresa organizou uma bela turnê com nomes de peso como: Alex Carolino, Nilton Urina, Wagner Ramos e entre eles, nosso bom amigo Gerson Dias (esse tinha o pop), entre outros. A tour trazia obstáculos próprios, de boa qualidade e até o saudoso DJ Primo (que descanse em paz!), elevando a apresentação a níveis extremos de um grande show. A cidade era desconhecida, os "guerreiros" eram poucos e mesmo assim, não foram excluídos. E a empresa com certeza teve seu retorno, pois trabalhava diretamente com o mercado e senti de um modo concreto e bastante rápido os "hematomas mercadológicos" daquela noite de skate. Tubarão teve um ponto de explosão.

Então me pergunto e acredito que muitos skatistas de outras cidades farão a mesma pergunta:

Será que a quantidade das vendas de produtos de skate nessas cidades excluídas são tão ínfimas que não vale a pena "perderem" uma ou duas horas nos picos das cidades?

Vários skatistas lêem notícias de turnês em revistas, na internet e torcem para verem os profissionais nos quais se espelham. Onde fica o skate nesse enredo?

Quando falo em marcas, produtos e skate, não me refiro a números espalhados pela mesa dos contadores, nem ao tamanho da cidade a ser visitada e o quanto significativo é para o bolso das indústrias. Refiro-me sobre as origens, sobre o tal skate "for fun" e em que momento este sentido, ou sentimento, perdeu a importância.

Por outro lado, como citei Tubarão, tenho a plena consciência da precariedade dos picos daqui, tenho em mente os atualmente maltratados obstáculos do Anjela que é conhecido nacionalmente, da mesma certeza que tenho daqueles que não apareceriam para prestigiar a tour, pois atualmente se gabam por andarem em picos famosos, além de lembrar a todo tempo do glamour de andar com grandes nomes do skate nacional, mas que se esquecem de contribuir com míseros trocados para que o quintal de nossas casas transforme-se no paraíso. É triste ver que em 20 anos de skate, alguns ainda possuem a mesma mentalidade e atitudes de anos atrás.

É, talvez a culpa de sermos lembrados apenas pelas placas de "Bem vindo" e "Volte sempre" dessa vez, seja apenas de nós mesmos.

Por: Deivis Vieira